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Charles Spurgeon

 

O príncipe dos pregadores
(1834-1892)

Charles Spurgeon nasceu em Kelvedon, Essex, em uma família de clérigos. Seu pai e avô eram ministros não-conformistas, e suas primeiras memórias incluíam a observação de ilustrações em “Pilgrim’s Progress” e “Foxe’s Book of Martyrs”.

Embora sua educação formal fosse limitada, mesmo para os padrões do século XIX, Spurgeon valorizava profundamente o aprendizado e os livros, especialmente os de teólogos puritanos. Sua biblioteca pessoal ultrapassava 12.000 volumes.

Aos 15 anos, Spurgeon rompeu com a tradição familiar ao se tornar batista, inspirado por um sermão ouvido “por acaso” durante uma tempestade de neve que o levou a uma capela metodista primitiva. Quatro meses depois, ele foi batizado e se uniu a uma igreja batista.

Ainda adolescente, Spurgeon começou a pregar na zona rural de Cambridgeshire, rapidamente ganhando notoriedade. Em seu primeiro pastorado na vila de Waterbeach, ele lotava os bancos com sua pregação vigorosa e madura. Sua memória excepcional permitia-lhe falar de improviso a partir de um esboço.

Sua fama como orador o levou à histórica New Park Street Chapel em Londres, onde foi convidado a pregar por seis meses, tornando-se residente permanente. Conforme sua reputação se espalhava, ele atraía multidões em Londres e por todo o país, pregando para dezenas de milhares nos maiores salões da cidade.

Spurgeon também chamou a atenção da imprensa secular. Seus sermões eram publicados no London Times e até no New York Times, mas ele também enfrentava severas críticas de protestantes tradicionais, que o consideravam demasiado dramático e sentimental em seus discursos.

Spurgeon defendia sua abordagem com veemência, afirmando: “Talvez eu seja vulgar, mas não é intencional. Minha firme convicção é que já tivemos pregadores educados suficientes.”

Sua pregação contundente e suas convicções teológicas geravam polêmica. Ele nunca hesitava em abordar temas difíceis, como em seu sermão sobre Atos 26:28, onde alertava que estar “quase persuadido a ser cristão” era insuficiente e resultaria em condenação.

Em seus últimos anos, a “controvérsia de rebaixamento” marcou seu ministério. Em 1887, Spurgeon começou a criticar publicamente colegas ministros batistas por “rebaixarem” a fé, atacando aqueles que negavam a inspiração das Escrituras e a justificação pela fé. A controvérsia afetou negativamente sua saúde, já frágil, exacerbando suas condições de depressão e gota.

As contribuições de Spurgeon iam além do púlpito. Ele estabeleceu várias instituições de caridade, um orfanato e o Colégio de Pastores, fundado em 1855, que continua ativo até hoje. Spurgeon pregou seu último sermão em junho de 1891 e faleceu seis meses depois.

Sua teologia permaneceu majoritariamente calvinista, embora ele se considerasse um “mero cristão”. “Nunca tenho vergonha de me declarar calvinista”, disse ele uma vez. “Não hesito em usar o nome de Batista, mas se me perguntam qual é o meu credo, respondo: ‘É Jesus Cristo.'”

Quando Charles Spurgeon faleceu em janeiro de 1892, Londres entrou em luto. Quase 60.000 pessoas prestaram homenagem durante os três dias em que seu corpo foi exposto no Tabernáculo Metropolitano. Cerca de 100.000 pessoas participaram do cortejo fúnebre de três quilômetros, do Tabernáculo ao cemitério. Bandeiras foram hasteadas a meio mastro e lojas e pubs fecharam em sinal de respeito.

O túmulo simples do aclamado Príncipe dos Pregadores, no cemitério de Norwood, tem as seguintes palavras gravadas:

Aqui jaz o corpo de
CHARLES HADON SPURGEON
esperando o aparecimento do seu
Senhor e Salvador
JESUS CRISTO